A Questão dos LIMITES...


Existem teses e diversas teorias que apontam direcções, muitas vezes opostas, que trazem um dilema para os pais e educadores:
- Como educar? Qual é o caminho correcto?
Uma coisa parece ser certa: as atitudes firmes e coerentes são fundamentais na educação dos filhos.


1 - Limites, regras e vida em sociedade


Por mais que lhe custe ouvir falar deste assunto, não se esqueça que os limites e as punições são uma constante nas nossas vidas. Por exemplo: um motorista que segue acima do limite máximo de velocidade permitido, será multado, ou seja, punido.
Viver em sociedade significa obedecer a regras. Muitas vezes não percebemos, mas estamos constantemente a respeitar limites e a traçá-los. Não seria possível viver colectivamente sem eles. Por isso, a criança precisa aprender desde cedo como comportar-se em grupo.
Naturalmente que é dever dos pais atender os pedidos dos filhos, mas sempre dentro de determinados limites impostos pela sociedade e pela educação dos próprios progenitores. É preciso saber dizer não, de uma forma positiva e coerente, caso contrário vamos estar a atrapalhar o desenvolvimento correcto da criança.


2- Saber dizer "não"


Dizer "não" a uma criança é uma atitude, dentro do processo educativo, necessária e saudável. A criança precisa de compreender que existem regras, que tudo tem um momento certo e que há horas para brincar, para dormir, estudar etc. Quando a criança tem liberdade total, tem dificuldade em apreender e aceitar regras e limites.
A falta de firmeza dos pais leva a criança a impor a sua vontade. É ela que determina o que vai comer, o que vai vestir, que programa assistir na TV, como deve ser mobilado seu quarto, etc. Habituados a impor a sua vontade, a criança e o adolescente não aceitam ser contrariados.
Dizer "não" a uma criança, no momento certo, não é prejudicial. Muito pelo contrário. Esta pequena palavra é necessária, uma vez que a criança está ainda a construir a sua concepção do mundo. A criança precisa de conhecer os limites, saber distinguir aquilo que pode ou não ser feito, para conseguir viver em sociedade.
Ao contrário do que muitos pais pensam, a criança é capaz de entender um "não". A recusa não gera traumas, mas tem que ter uma razão e coerência.
Ao proferir a negação, o adulto mostra que se preocupa com a criança, e, para ela, isto vale muito mais do que muitos brinquedos ou a realização de todas as suas vontades. Ela poderá chorar ou "fazer birra", mas isso faz parte da sua socialização.
Assim, o adulto deve pensar no bem da criança quando tiver diante de si uma situação em que precise de negá-la. Pode ser um pouco difícil dizer não, mas é preferível ver uma cara triste por apenas alguns momentos, do que testemunhar problemas mais graves que poderão fazer a criança sofrer mais tarde.


3- Os limites, castigos e a culpa


Os limites ensinam à criança como respeitar o próximo, facilitando a socialização, por isso devem fazer parte da educação. Uma vez que vivemos em sociedade, é necessário haver respeito pelas regras pelas quais ela se rege.
Quando um limite não é respeitado, é importante que haja uma "punição", que não deve ser físico. Pode-se, por exemplo, proibir uma brincadeira ou um passeio de que a criança goste. Mas atenção, a punição deve ser sempre equivalente à gravidade do acto cometido e aplicada de imediato.
É importante deixarmos claro que "limite" é diferente de "repressão". O primeiro instala-se na criança através das "punições", enquanto que a repressão o faz através da culpa. A "punição" age sobre o acto e a culpa sobre a pessoa.
Durante o desenvolvimento da criança, estabelecer e conhecer os limites é saudável quando estes se referem apenas aos actos, não desmerecendo ou desvalorizando a pessoa. A criança não deve sentir-se culpada pelos seus actos, mas ser-lhe dada responsabilidade por estes.


4- Alguns limites – dicas


Assim, aqui vão algumas dicas para conseguir colocar limites de uma forma positiva:
-Não autorize ou proíba conforme os seus desejos pessoais e estado de espírito do momento;
-Demonstre que os adultos também têm limites a respeitar;
-Justifique os motivos do limite: "não faças isso porque eu não quero ou eu não gosto" não é justificação.
-As razões devem ter a ver com segurança e/ou com respeito;
-Não dê castigos físicos - rapidamente deixam de surtir efeito;
-Diga qual punição a dar quando um limite é ultrapassado, e não deixe de a executar;
-Dê punições brandas para atitudes pouco graves e puniçoes mais pesadas para atitudes graves;
-Deixe claro que a punição é pelo acto e não pela pessoa; Repita um "não" quantas vezes for necessário;
-Use a sua autoridade sem humilhar;
-Use da afectividade para impor limites.


5- Dar o exemplo - ajustá-lo à criança / ressalvar a diferença


A criança precisa de parâmetros. Os adultos, são responsáveis directos no que diz respeito à sua aprendizagem, porque as crianças buscam neles um reforço, seja ele negativo ou positivo. Por isso, é preciso estar atento aos comportamentos que tomamos.
Lembre-se que os nossos modos são imitados pelas crianças. Se dizemos que uma atitude não é correcta e mesmo assim a fazemos, com certeza a criança ficará insegura, não acreditará no que lhe é dito e fará exactamente o que não devia, já que ela aprende muito mais pelo que vê do que pelo que ouve.


6- Para rematar


Explique sempre quando e porquê as suas acções lhe são permitidas a si e à criança não. Refira razões de capacidade, idade, segurança, adequação ou responsabilidade. Nunca tenha medo de dizer "não", mas explique sempre porquê. Deixe a criança colaborar, na medida do possível. Quando e sempre que for possível, ensine.

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NOTA: este texto não é meu...foi retirado da net, contudo vai de encontro aquilo que eu penso: As crianças devem conhecer os limites e aprender a viver com eles. A palavra "castigo" foi substituída por punição, pois embora ambas tenham uma conotação negativa , a primeira é muito mais acentuada.
DIGA NÃO HÁ PALMADA!
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1 comentário:

JoanaM disse...

Cara Isabel, nada como discordar para construir. Não e perceptivel para mim que este texto é da sua autoria, ou que é tirado de algum livro ou texto de outrem. Naturalmente a disciplina, os limites e o não são elementos essenciais na educação e construção de cada um de nós. No entanto, a noção de castigo está ja posta em causa e dasactualizada. O importante é a aprendizagem de que há consequências das nossas acções, e que temos que escolher tambem em prol dessas consequências. Daí que a aprendizagem da escolha seja, no meu entender, muito importante. O castigo não é um bom conceito...
Alem disso, numa sociedade como a nossa, em que se ouve e vê (ainda...) muitas pessoas na rua a abusar da sua posição de adulto e bater nas crianças. Daí que devemos ter um duplo cuidado e preocupação em falar de castigo...
Espero ver um dia um post seu sobre o problema da palmada...