O Macaco e a Viola

Passou um macaco em frente de uma escola de meninas - mal estas o viram puseram-se a gritar: olhem o macaco com o rabo muito comprido. O macaco foi a um barbeiro e pediu que lhe cortasse o rabo. O barbeiro cortou. Voltou o macaco a passar defronte da escola e as meninas desataram a rir dizendo: Olhem o macaco de rabo curto!
Tornou o macaco a casa do barbeiro e pediu-lhe o rabo.
- Já o enterrei – respondeu o barbeiro.
- Pois levo uma navalha – disse o macaco.
Pegou na navalha e saiu, encontrando uma mulher a escamar o peixe à mão. Deu-lhe a navalha. Momentos depois voltou a pedir a navalha.
- Perdi-a – respondeu a mulher .
- Pois então levo uma sardinha.
E o macaco foi com a sardinha até encontrar a mulher de um moleiro a comer pão sem conduto. Deu-lhe a sardinha. Momentos depois voltou a pedir-lhe a sardinha.
- Já a comi – respondeu a moleira.
- Levo um saco de farinha.
E levou o saco de farinha. Chegou a uma escola e deu o saco à mestra. Momentos depois voltou a pedir o saco de farinha.
- As meninas já comeram a farinha em pão.
- Levo uma menina.
E levou a menina a casa de um homem que trabalhava em gaiolas. Momentos depois voltou pela menina.
- Foi para casa do pai – respondeu o gaioleiro.
- Levo uma gaiola.
E pegou numa gaiola e levou-a a casa de um violeiro. Momentos depois voltou a pedir a gaiola.
- Partiu-se.
- Pois levo uma viola.
Saiu o macaco com a viola e pôs-se a cantar e a tocar:




Do rabo fiz navalha
Da navalha fiz sardinha
Da sardinha fiz farinha
Da farinha fiz menina
Da menina fiz gaiola
Da gaiola fiz viola
Tinglintim, tinglintim
Eu já me vou embora.
Tinglintm, tinglintim
Eu já me vou embora.



ATAÍDE OLIVEIRA
In Histórias Tradicionais, 1988, ME

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