Objecto de Transição - Não importa se é uma fralda ou um ursinho: a função dele é confortar a criança durante os momentos de insegurança


Os especialistas referem-se à mantinha de segurança como um “objecto de transição”. Por volta do oitavo mês, por vezes até um pouco antes, o sentido de independência da criança começa a desenvolver-se e ela compreenderá que os pais não estão sempre presentes. Pode ser neste momento que os bebés encontrem uma mantinha de segurança, um meio de defesa contra a ansiedade e que ajuda na transição entre uma dependência dos pais e a independência.
Os ursinhos de peluche ou os lenços borrifados com o perfume da mamã são objectos familiares espalhados pela casa que os bebés gostam de levar com eles – e é ainda melhor se tiver o seu próprio cheiro. O objecto escolhido ajuda a consolar a criança em situações emotivas: ausência dos pais, começar a frequentar a creche, visitar o médico ou quando estão doentes.
Infelizmente, as crianças nem sempre escolhem o ursinho mais limpo e mais bonito da colecção. É frequente preferirem um trapo, quando não se trata da própria almofada ou coberta! Eles vão dobrá-lo e mastigá-lo, mas não importa: com a mantinha nos braços, a criança irá sentir-se mais forte e os desafios diários a enfrentar mais fáceis.

Chamado de transicional, ele representa um conforto para a criança, que se apega principalmente durante momentos de angústia, medo ou tristeza, como na ausência dos pais. Essa relação de apego é manifestada desde cedo. "No primeiro ano de vida, a criança se liga a esses objetos como forma de conseguir suportar a ausência materna. É como se aquele paninho ou bichinho representasse uma parte da mãe que fica com a criança quando ela está longe", explica a psicóloga Ana Carolina Takenaka Medeiros, supervisora da Brinquedoteca do Hospital Israelita Albert Einstein. "No geral, este brinquedo está associado à rotina de dormir e elas não gostam que eles sejam substituídos e nem mesmo lavados", afirma Ana Carolina. A criança pode escolher o objeto por conta própria, mas no geral, essa ligação é estimulada pelo pai ou pela mãe. "É comum os pais deixarem um ursinho ou uma fralda com o filho antes de eles saírem para o trabalho, por exemplo", explica Rita Calegari, psicóloga do hospital São Camilo. Mais tarde, a criança carregará esse brinquedo (ou outro que tenha escolhido) para onde for. "É com o ursinho que ela conversa, desabafa e exercita o imaginário. É uma relação de amor incondicional e bastante saudável, pois ajuda a criança a sair de uma fase para outra de maneira segura e confortável", diz Rita. Não há uma idade certa para que a criança se desligue do objeto de transição. Para algumas, isso acontece por volta dos 3 anos de idade; para outras, mais tarde, por volta dos 5 anos. "É preciso observar se a criança não está deixando de participar de atividades coletivas para brincar sozinha com esse brinquedo, se só realiza as atividades agarrada a ele ou se não quer deixá-lo com uma idade mais avançada. Nestes casos, o objeto de transição perde sua função inicial", explica a psicóloga. E se o seu filho nunca se apegou a nenhum objeto? Saiba que esse não é um motivo de preocupação. "Pode ser que a criança descubra outras maneiras de se acalmar e se acalentar, como por exemplo, acariciar seu cabelo ou brincar com os dedinhos das mãos", explica Ana Carolina.
Artigo retirado da revista Crescer!

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